Lula lança Fundo Florestas Tropicais para Sempre

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente nesta quinta-feira, 6 de novembro, o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). A iniciativa brasileira é uma das prioridades do país no contexto da Cúpula de Líderes da COP30, evento que antecede a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Belém (PA). O fundo propõe um modelo inovador de financiamento para a proteção das florestas tropicais, que combina retorno financeiro para os investidores e benefícios concretos para o meio ambiente e a sociedade.
Lula destacou o caráter inovador e pioneiro do fundo e afirmou que o TFFF será um novo paradigma no financiamento climático. “As florestas valem mais em pé do que derrubadas e deveriam integrar o PIB dos nossos países”, afirmou, ressaltando o papel de liderança do Brasil na iniciativa. “Pela primeira vez na história, os países do Sul Global terão protagonismo em uma agenda de florestas”.
NOVO MODELO DE FINANCIAMENTO — O TFFF cria um novo modelo de financiamento climático: países que preservam as florestas tropicais serão recompensados financeiramente por meio de um fundo de investimento global. Enquanto isso, os investidores irão recuperar os recursos investidos, com remuneração compatível com as taxas médias de mercado.
Na prática, o fundo cria uma nova economia baseada na conservação, tornando a floresta em pé uma fonte de desenvolvimento social e econômico. Os investidores não farão doações. Em vez disso, terão retornos ao mesmo tempo em que contribuem para a preservação florestal e a redução de emissões de carbono.
MAIS DE 70 PAÍSES — No total, mais de 70 nações em desenvolvimento com áreas tropicais poderão potencialmente acessar os recursos. “Os lucros gerados serão repartidos entre os países de florestas tropicais e os investidores, e os recursos irão diretamente para os governos nacionais, que poderão garantir programas soberanos de longo prazo”, disse Lula.
O TFFF constitui um complemento a outros mecanismos que remuneram a redução de emissões de gases de efeito estufa. Investimentos soberanos de países desenvolvidos e em desenvolvimento vão compor o fundo de capital misto, com portfólio diversificado em ações e títulos.
A estimativa é que cada país possa receber até 4 dólares por hectare preservado. As projeções apontam que o mecanismo deverá viabilizar 4 bilhões de dólares anuais para a conservação ambiental, o que representa um valor próximo do triplo do volume aplicado globalmente para a proteção das florestas tropicais por meio de recursos concessionais.
“Estamos falando de um bilhão e cem milhões de hectares de florestas distribuídos em 73 países em desenvolvimento”, disse Lula.
CAPTAÇÃO BILIONÁRIA — A expectativa é que as nações investidoras e outras fontes garantam um aporte de 25 bilhões de dólares nos primeiros anos. Com esse valor, será possível alavancar mais de 100 bilhões de dólares do setor privado nos anos seguintes, o que constituirá o chamado capital sênior do fundo. Os governos, ao aceitarem o papel de capital júnior, consentem em incorrer em um risco um pouco maior do que o setor privado.
Foto: Ricardo Stuckert / PR















